quarta-feira, 31 de outubro de 2012

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A história do pequeno herói - Capítulo 5

Capítulo 5 – Fogo, água e guerra

 Esse mote vai te ajudar nas batalhas com mágica e poderes especiais!                       Este mote vai te ajudar a meditar em sua próxima manobra de batalha...                      Este mote encobrirá o seu Neopet e ele se tornará mais forte.

 As garras envolviam seus braços, lá estava ele, majestoso, mais forte do que nunca, Duni. Abaixo dos dois, as chamas envolviam tudo, inclusive a mochila do Kyrii, que teve de ser deixada para trás para que ele pudesse sobreviver. Olhava para o chão, enquanto o vento balançava as penas de Duni, o silêncio era mantido entre os dois.
 - A carta... a carta! – Foxon começou a mover-se, se debatendo e de certa forma atrapalhando o vôo de Duni.
- Ei, para com isso! A carta não importa mais, eles vão atacar o reino em menos de um dia, algumas tropas já estão posicionadas e prontas. Um simples pedaço de terra não iria parar a fúria deles.
- Como você sabe de tudo Duni? Nós temos que voltar!
- Por favor, fique calmo, você sabe o trabalho que deu vir até aqui o mais rápido que pude? Eu passei três dias muito mal, não conseguia voar direito e se não fosse pelo seu vizinho Kacheek eu não estaria aqui. Fiquei mais dois dias descansando e finalmente voltei para o reino, onde fui recebido por várias perguntas se a carta havia sido entregue. Eu não fazia idéia de que carta era essa e tive que pedir explicações diretas ao rei.
- Desculpa, eu não consegui entregar...
- Eu já disse que isso não importa mais, o importante é que você está bem. Eu vim o mais rápido que pude pois você já deveria ter voltado. Depois de ver toda aquela movimentação estranha, eu me infiltrei dentro dos revoltos e consegui pegar todas as informações possíveis, por sorte eu vim com um soldado que já avisou ao rei e estamos nos preparando para começar a guerra. Eu vinha acompanhando você de perto todos estes dias, se eles tocassem em um fio de cabelo seu, eu iria acabar com eles. Vamos agora para a nossa base um pouco a frente, está tudo pronto, vamos vencer.
- Não era para haver guerra, por que o rei quer provocar uma agora? – Foxon parou de se mexer e olhou para baixo, vendo a altura em que se encontrava, agarrou-se nos pés de Duni.
- Na verdade o rei não queria provocar uma guerra, mas todos os ministros discutiram e decidiram que para proteger o povo deveríamos fazer isso. – Duni abaixou a cabeça, parecia triste com aquela situação.
- As crianças vão ficar bem? – O Kyrii olhava ao longe para manter a emoção. - Vão, você deve ter percebido que não havia quase nenhuma no acampamento.
O vôo dali em diante foi silencioso, as chamas tinham ficado totalmente para trás, apenas um pouco de fumaça podia ser vista, talvez, depois de um tempo, eles devessem estar vasculhando as cinzas procurando pelos restos do Kyrii. A floresta parecia a mesma de alguns dias atrás, o verde das árvores e o marrom da terra fofa. Foxon havia deixado as garras e subido nas costas de Duni, já havia uma amizade entre eles e o tamanho do pequeno não iria influenciar em nada na viajem.
Foi algo calmo, a brisa soprava em seus pelos e penas e o céu estava limpo, raios de sol eram refletidos no rio, que formava uma bela imagem nas pedras, imagens que Foxon queria observar sem desespero, sem pressa. A boca já começava a ficar ressecada e Duni lhe ofereceu um gole de água, mas ele recusou, não estava com cabeça para aquilo, ficava pensando no que iria fazer se eles perdessem a guerra, o que iria acontecer se até mesmo a fazenda dele fosse invadida, pensamentos ingênuos, pois ele sabia que tudo estaria ganho, mesmo sem poder fazer nada, a não ser olhar, pois até sua espada havia sido deixada para trás, não havia mais um Foxon aventureiro, ofensivo, a única coisa ali deitada nas costas de Duni era um Kyrii pequeno, medroso, que não podia nem se quer parar uma guerra que ele mesmo achava que havia começado.
As barracas começaram a aparecer e a tristeza aumentava, queria ter algum assunto para conversar com Duni, mas não poderia simplesmente inventar um. A correria naquele lugar não era tão grande como no acampamento dos inimigos, porém haviam pessoas correndo para todos os lados, preparando coisas, principalmente soldados Draiks. Ele então percebeu como Duni era rápido, ele havia percorrido em minutos um caminho em que ele só havia conseguido percorrer em dias, estavam nas flores de pedras. Desceu de Duni e logo um Draik veio até ele, com o capacete na mão e pondo-o sobre Duni.
- Duni, enfim você chegou, deixe esse pequeno ali do lado e vá comandar as tropas aéreas, temos de sermos rápidos, meu café vai esfriar. – Ajeitou o capacete e deu uma batidinha.
- Sim general Jyr! – Fez uma reverencia que Foxon nunca havia visto, ele deixava suas asas vermelhas o mais aberto possível, ficava sobre as patas traseiras e se curvava.
Foxon estava ali, vendo Duni preparar-se, a maioria dos Draiks portava grandes armas, alguns até com catapultas. Várias coisas lhe passaram pela cabeça, ele poderia gritar, poderia mandar parar a guerra, mesmo que isso custasse sua vida, ele poderia tentar, ele poderia salvar todo mundo, evitar uma guerra. Não conseguindo nem se quer se mexer, ficou ali parado, olhando os últimos preparativos para o começo de um dos maiores massacres que ele podia ver.
Proteja o seu Ruki com este capacete de batalha maciço.Sentou-se no chão quando a última pedra foi posta e os soldados se alinharam, Duni estava na parte de cima, com um arco na mão e observando tudo, além dele haviam outros Eyries, que pareciam ser tão experientes e fortes quanto ele. Alguns tinham cicatrizes de batalhas anteriores, outros eram velhos, uns mais novos, mas todo eram bem superiores a Foxon. Não passando de uma pequena criança, ficava ali, quase chorando, pensando em sua infância, daquela época que brincava com seu pai e sua mãe.  
- Filho, olha, eu trouxe o seu primeiro Babaa, nós vamos fazer uma fazenda inteira para você, você vai ficar muito feliz não é? 
- Foxon, venha ver esse petpetpet, não é lindo? 
- Garoto, sai já daí! Eu já disse para não comer as amoras do pomar, são para sua mãe fazer a torta. Foxon... Foxon... Foxon... Seu nome era repetido milhares de vezes em sua cabeça, com a voz doce da sua mãe e a amigável do seu pai, de uma época em que ele cheirava as folhas de mentas e mastigava as amoras, feliz, como se nunca tivesse feito nada parecido antes.Ficou ali no chão, lembrando-se de uma época que parecia ser tão distante, mas estava tão perto, alguns anos atrás. O milho era amarelo e os Babaas aumentavam de quantidade, era um sonho que ele não queria ter, eram os últimos momentos antes da verdadeira batalha começar, mas aquilo era apenas lembranças boas, as ruins vieram logo depois, as lembranças do último dia em que viu seus pais, um ano atrás.
- Cof... cof... – A mãe de Foxon tossia. 
- Filho... você já está grande, já sabe cuidar de você mesmo e finalmente nós podemos ir até a Central de Neopia cuidar dessa doença da sua mãe. – O pai de Foxon abraçava o filho enquanto as lágrimas dos dois caiam e se misturavam, em uma tristeza apenas. 
- Pai, não, eu quero ir, eu quero ir com o senhor... – Foxon parecia uma criança, apesar de ser apenas um ano mais novo. 
As it spins it really does look like a Blackberry!- Você não pode, não podemos deixar a fazenda sozinha, além disso eu tenho certeza que você poderá cuidar de tudo, temos muitos Babaas agora e os vizinhos vão te ajudar em tudo que você precisar filho. Nós voltaremos em menos de um mês, eu juro filho, até breve filho. – O abraçou pela última vez. 
- Até breve pai.
Passaram-se as semanas e o primeiro mês junto a elas, eles não haviam chegado. Faziam três meses, não haviam se quer noticias, seis meses e Foxon já não chorava mais, apesar da falta que eles faziam. Passou-se um ano, o pequeno havia deixado de lado a idéia de ir para a Central de Neopia, ele tinha certeza que seus pais haviam desaparecido para sempre, não gostava nem mesmo de pensar nas diversas hipóteses.
Foi nesse pesadelo ocorrido em minutos que ele se lembrou o porquê de aceitar a missão. Não foi simplesmente para salvar as crianças, mas sim para não deixá-las sem pais e aquela guerra iria causar isso, ele não poderia deixar de forma alguma. A coragem tomou conta dele, pegou uma tigela que estava a seu lado, caminhou com passos firmes até o meio dos soldados e a lançou contra o chão, fazendo um barulho que fez com que todos olhassem para ele, alguns assustados, mas havia um olhar, um de orgulho lá no céu, Duni, que parecia saber o que exatamente ele iria fazer.
- Parem já com isso! Não há necessidade de guerra. – Um Draik tentou agarrar Foxon, era Jyr, que queria impedir qualquer coisa que aquele pequeno Kyrii pudesse falar, mas antes mesmo que ele encostasse nele, Duni já estava ali na frente, com asas abertas, fazendo a mesma reverência, mas com um olhar assustador, o que deixou até mesmo o Draik atormentado.
– Não podemos simplismente deixar essas crianças sem pais e vocês? Não tem filhos? Não querem ver eles de novo? Se eu ainda tivesse meus pais a coisa que eu mais iria querer era ver eles o mais breve possível e eu não acho que esses pequenos vão poder ver aqueles que tanto amam. Parem com essa briga besta, se eles querem nos provocar, vamos evitar que haja guerra, o rei Hagan é sábio, ele vai achar um local bom para todo este povo, ele vai saber falar e convencer, nós temos apenas que atrasar eles. Vai ser um lugar bem maior e próspero que o que ele havia oferecido antes, eu tenho certeza disto!
- É espertalhão, mas como vamos fazer isso? Vai brincar de bobo da corte com eles, ou fazer mágica? – Jyr desviou o olhar de Duni e olhou diretamente para Foxon.
- A mancha, ela é a resposta.
- Mancha? Que mancha? – Duni parou a reverência, também estava curioso para saber do que se tratava. - - Tem um redemoinho de um encontro de rios logo a frente, se nós fizermos o volume do rio aumentar de forma que alague parte da floresta, nós os atrasaremos, só precisamos jogar algo grande o suficiente para tampar ao menos a metade do rio menor.
- Temos uma grande pedra ali no fundo não temos comandante Jyr? – Duni sorriu, parecia concordar com o plano.
- Sim, temos, mas você não acha mesmo que isso vai dar certo não é?
- Vai sim, há uma pequena descida, precisamos apenas empurrar a pedra até lá, me dê alguns soldados. – Foxon parecia fraco, mas sua estratégia de guerra era incrível.
- Tudo bem, leve alguns Eyries, pois eles podem voar e sair de lá o mais rápido possível quando a água transbordar do rio, mas fiquem sabendo que se eles nos atacarem, eu vou atacar com toda a força e se você ficar entre mim e o inimigo, não serei eu a desviar a espada.
Eles foram, levaram a pedra até metade do caminho e a soltaram,porém ela ficou presa em um tronco caído no chão, precisavam apenas retirá-lo dali, foi decidido então que todos poderiam sobrevoar e vigiar, enquanto Duni, Foxon e mais dois Eyries iriam retiram o tronco.Quando chegaram lá viram uma barbatana emergindo da água, os Eyries ficaram assustados, até que um deles viu as presas avançarem em direção a suas asas, porém o outro Eyrie, um verde, se jogou na frente, fazendo com que os dois caíssem no chão, porém nenhum se feriu.
Em cima os que voavam já começavam a anunciar que as tropas inimigas já estavam logo a frente e em terra Duni e Foxon travavam uma batalha contra Krimily, que já havia derrubado os dois Eyries.
- Blarg, eu nadei, nadei e finalmente consegui chegar aqui, mas pareci que meus amigos já estão vindo também!
-Ah, então você estava com eles o tempo todo? – Foxon pegou um pedaço de madeira no chão.
- Você conhece? –Perguntava Duni, desviando das mordidas e arranhões.
- Um velho amigo, se é que posso chamar assim. –Foxon não era tão veloz desviando, mas apenas era tocado de leve.
- Eu não estou com nenhuma arma e minhas garras não cortam pele de dragão, será que poderia fazer as honras?
- Com prazer... – segurou firmemente a madeira.
- Blarg! Parem de falar e deixem eu atacar vocês.
Antes mesmo de dar mais um passo, a pancada atingiu Krimily, que foi jogado contra a pedra, retirando o troco e caindo no rio. Duni ergueu vôo com Foxon e os outros dois Eyries, enquanto a água escorria pelo declive e parava as tropas que marchavam. Estava acabada a guerra, antes mesmo de começar.

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